Compreendendo a transexualidade na enfermagem no Sul do Brasil

20/09/2024

A importância da educação para quebrar estereótipos

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Destaques

  • Importância de pesquisar a transexualidade

  • Análises da vida das pessoas trans no Brasil

  • Por que os enfermeiros devem refletir sobre identidade de gênero?

A busca pelo aprimoramento da assistência à saúde é um desafio constante para os profissionais da área, e compreender as nuances da diversidade de gênero é fundamental nesse processo. A formação de futuros enfermeiros é crucial para atender às necessidades de todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero, principalmente considerando a cis e transexualidade.

A importância de pesquisar e compreender de perto as experiências da transexualidade é uma reflexão consciente de que esse tema requer uma abordagem mais aprofundada, não apenas no ambiente universitário, mas em toda a sociedade. Assim, enfermeiros da Universidade Federal de Santa Catarina e da Universidad de Costa Rica se empenharam em fazer essa análise.

Mudanças na vivência da transexualidade no Brasil

Após o nascimento de uma criança, as tecnologias discursivas direcionam-se para moldar o corpo de acordo com as expectativas cisgênero. Essa pedagogia tem como objetivo promover uma vida em conformidade com a heterossexualidade. No entanto, a transexualidade desafia essas normas, demonstrando que esses direcionamentos precisam ser questionados.

Com o tempo, mudanças significativas aconteceram: na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS), que reclassificou a transexualidade de transtornos de personalidade para o capítulo dedicado à saúde sexual; e a Resolução nº 2.265 de 2019, que destaca a importância do cuidado específico à pessoa com incongruência de gênero ou transgênero, enfatizando o acompanhamento e cuidado.

Na perspectiva da cisnormatividade, existe uma "forma correta" de ser e se expressar, e tudo o que não se enquadra nesses padrões é estigmatizado, inferiorizado e excluído. No entanto, falar sobre essa questão, seja na ciência ou na sociedade, sem desumanizar, patologizar ou exotificar, é um desafio.

Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) permite que brasileiros trans alterem seu registro de nascimento diretamente no cartório, sem a necessidade de autorização judicial, cirurgias ou laudos médicos. No entanto, o Brasil ainda enfrenta altos índices de transfobia e é o país que mais mata essas pessoas no mundo.

Mudanças políticas, epistemológicas, técnico-assistenciais e socioculturais são urgentes. Assim, a formação de profissionais de saúde, incluindo enfermeiros, deve abordar a diversidade sexual e de gênero de maneira mais abrangente.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em enfermagem destacam a importância do respeito à diversidade de gênero e orientação sexual. É essencial que os estudantes de enfermagem compreendam o contexto das pessoas trans, para que possam oferecer um cuidado sensível e responsável.

Conclusão

O estudo evidencia a importância do conhecimento e da sensibilidade em relação à diversidade sexual na formação de enfermeiros. A falta de informações e experiências práticas cria uma barreira significativa na prestação de assistência à saúde de qualidade às pessoas transexuais.

Para aprimorar a assistência à saúde, é necessário que as instituições de ensino adotem uma abordagem mais inclusiva em seus currículos. Além disso, a educação contínua e a sensibilização são cruciais para fornecer qualidade no atendimento a essa população. A conscientização e a educação são os primeiros passos para criar um sistema de saúde verdadeiramente inclusivo, independentemente da identidade de gênero.


Texto do blog elaborado com base no seguinte artigo: Gentil AGB, Padilha MI, Bellaguarda MLR, Caravaca-Morera J. Desvelando o conhecimento de estudantes de graduação em enfermagem sobre as pessoas trans. Texto Contexto Enferm. 2023; 32:e20220150. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2022-0150pt

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